8 de jul. de 2010

E as mulheres têm pago o preço...

Eu tinha que fazer um trabalho que me daria a última nota deste semestre em uma disciplina que trata de políticas socias. Eu deveria estudar a Lei Nº11.340 de agosto de 2006 e precisaria de exemplos, precisaria de fatos para ilustrá-la. A Lei em questão chama-se Maria da Penha e tenta punir os agressores contra mulher, assim como evitar a violência. Ainda na apresentação do trabalho, minha professora, jovem, bonita e independente, nos relatou um fato de violência sofrida pelo ex-namorado. Passando os dias, descobri que outra pessoa chegada, sofreu violência física do marido alcoolizado. Lamentavelmente, os exemplos apareceram e não se cansam de aparecer.

A Lei possui detalhes que só alguém especializado em legislações pode interpretar, no entanto, o que é evidente e que a violência contra a mulher tem muitas faces e estão longe de serem apenas violências físicas. Eu até me atrevo a dizer que ou eu ou você, que somos mulheres, já sofremos ou conhecemos alguém que sofreu agressões. Estas são psicológicas, morais, sexuais, patrimoniais, entre outras. Cada tipo de violência possui uma especificidade diferente que toda mulher precisaria conhecer até para se conscientizar de quando está sendo violentada ou não.

Nesses dias, um caso de violência tem chamado a atenção da opinião pública pela crueldade a qual foi submetida uma mulher. Eliza Samudio, amante do principal goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, ganhou as páginas policias, após o seu desaparecimento hà quase um mês. De acordo com as informações veiculadas, Eliza Samudio, mãe do filho do goleiro, teria não só sofrido diversas agressões quando ainda estava grávida - entre elas sendo coagiada a abortar a criança - como foi cruelmente assassinada.

De acordo com informações veiculadas na mídia, Eliza foi muito agredida e após ter recebido uma "gravata" de um capanga, teve o seu corpo esquartejado e concretado. Ainda segundo informações de um jovem que estava no local do crime e que participou do sequestro, partes do corpo de Eliza foram dados como alimento à cães rottweilers. Bruno, seu ex-amante, seria o mandante do crime.

Nesse caso, o que vemos é mais um retrato cruel de pura violência sofrida por uma mulher, que não abortou um filho contra a sua vontade, mas que foi obrigada a isso meses depois, pagando com a própria vida. Seja em qual for a parte desta história, Eliza Samudio foi extremamente violentada e não só fisicamente.

O acontecimento é lamentável, principalmente pelo fato de o mandante de um crime tão brutal, ser um ídolo de uma torcida tão querida. Casos assim e outros também, me levam a refletir sobre como relacionamentos que teoricamente deveriam ter um vínculo afetivo, conseguem se transformar em verdadeiros pesadelos. Me faz pensar como pais, maridos e namorados, que deveriam estar ao nosso lado para nos proteger, se transformam em protagonistas da nossa morte como mulher.

Talvez nem todos os casos tenham o triste desfecho do caso de Eliza, mas certamente muitas mulheres mundo à fora, sentem-se mortas, todos as vezes que sofrem humilhações, agressões, coações, entre outras formas de violência.

Infelizmente, assim como muitas coisas não funcionam neste país, o cumprimento da Lei Maria da Penha ainda deixa muito a desejar. No entanto, ela é uma luz, é o primeiro passo. Como em qualquer outro caso de repercussão nacional, este também dá margens à muitos comentários, inclusive os que afirmam que Eliza era aproveitadora e só procurava por uma boa pensão para si. Mas, ainda assim Eliza foi corajosa quando denunciou, pois hoje a covardia do seu principal agressor foi descoberta.

O meu sincero desejo é que muitas Marias da Penha também se revelem e que os crimes saiam dos quartos escuros, para que outros passos ainda maiores sejam dados.

Chega dessa sociedade doente, onde o ser humano tem sido tratado como lixo e nós mulheres temos sido grande parte dessas vítimas. Está todos os dias nos jornais e cansa!