20 de ago. de 2010

Algumas coisas para contar...

Eu já sabia, mas até então não tinha parado quatro horas do meu dia para constatar o quão penqueno ou grandioso podemos ser nós, seres humanos, BRASILEIROS.

Há quase um mês eu topei participar do Recenseamento do meu país, e desde então tenho observado realidades diferentes. Na verdade eu não vou conhecer lugares diferentes; fiquei encarregada por um setor bem conhecido, por nós, natalenses - uma área relativemente nobre, de condomínios e casas - um lugar conhecido e bem comum, mas repleto dos mais variados tipos de pessoas.

O interessante neste trabalho tem sido perceber o quão diferentes nós podemos ser, mesmo morando em lugares tão iguais e basicamente na mesma situação; o quão algumas pessoas que possuem bastante coisas materiais podem parecer tão pequenas. Só posso constatar que ou elas são assim, ou fazem questão de parecerem assim...

O Censo Demográfico acontece de 10 em 10 anos no Brasil, e tem o objetivo básico de contar a população e de observar o desenvolvimento ou não, do país. Algumas perguntas sobre escolaridade, idade e rendimento são feitas e é exatamente nestas últimas onde sempre encontramos um certo tipo de resistência por parte dos entrevistados. Algumas pessoas devem acreditar que no alto dos seus 8 mil reais mesais, obtiveram o direito de serem mal educadas e auto-suficientes (Na verdade eu acho que valor nenhum é tão grande que seja capaz de tornar alguém auto-suficiente, pois NUNCA SEREMOS).

O que sinceramente venho observado é que uma grande parte de nós, brasileiros, nos tornamos desacreditados. O que é mais lamentável é que não nos tornamos só desacreditados com essa massa de políticos corruptos que aí estão, mas nos tornamos indiferentes com as pessoas.

"Com o meu próprio suor eu consegui o meu salário de 8 mil reais. Tenho meu próprio apartamento e tenho meu carro na garagem, o que me livra do ônibus lotado. Do que eu preciso mais? Estou no alto. Para quê responder perguntas?"


Esta é uma reflexão minha, mas que infelizmente pode ser verdade em muitos daqueles andares. Temo que essa reflexão seja verídica não só se tratando da pesquisa do IBGE. Temo que as mesmas pessoas que pensam assim, se comportem assim, com o resto da vida delas. Cada vez mais altos nos seus 8 ou 10 mil reais mensais, elas esqueçam que do outro lado da fechadura existem pessoas tão vítimas quanto elas de um sistema que sobrevive da marginalidade de muitos.

O que ainda me consola é perceber que a maioria das pessoas são diferentes. Na verdade muitos querem contribuir. Eu acredito que os moradores que me atendem dispostos a responder ao Censo, são os mesmos que acreditam que nas próximas eleições de 3 de outubro ainda dá para fazer alguma diferença, votando em algum candidato que tenha propostas consistentes a favor da realidade do país, ainda que este(a) não vença ou não lhes prometa favores. Ainda que para isso precisemos sair da nossa zona de conforto e nos importar com o que se passa fora dos nossos recantos.

Pelos indiferentes, eu lamento. Vivem em um apartamento pequeno e alto demais. Eu não os alcanço e não quero. Aos felizes, sorridentes e que têm a disposição de criar 7 gatos, mesmo que sejam todos pretos, eu agradeço. Estes são os bons brasileiros e que fazem jus ao nome.

Coisas como essas, eu vi e contei, ninguém me disse.

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